Os fotofilmes e a arte de vanguarda fazem parte da programação do 31º Festival Internacional de Curtas de São Paulo.
Este ano a Kinoforum se adaptou às circunstâncias, e organizou o festival para que aconteça na internet e nas paredes da cidade de São Paulo.
Para isso, além dos filmes, apresentados em programas temáticos, o Festival também traz lives com diretores, críticos de cinema e participantes.
A artista JI SU KANG-GATTO é a estrela do programa Experimenta, com sua obra absolutamente instigante, que tem a temática feminista apresentada de forma pouco literal, através de filmes curtos que mostram o preparo de receitas culinárias.
Seu projeto se chama Identities and Recipes, e 8 de seus curtas serão mostrados online e em projeções em paredes da cidade.
O destaque para os fotofilmes acontece no programa Viajantes do Apocalipse, da Mostra Internacional.
A obra intitulada A More Human World, do neozelandês Gavin Hipkins, um fotógrafo, artista visual e professor na Elam School of Fine Arts da Universidade de Auckland, faz uma reflexão sobre o humanismo.
Usando fotografias que seu pai tirou na Expo 58, a primeira grande exposição Mundial após o fim da Segunda Guerra e que foi visitada por 42 milhões de pessoas, o filme tem um clima utópico, reflexivo e nostálgico.
Outro destaque é o apocalíptico Dystopian Patterns, da belga Isabelle Nouzha. Trata-se de um filme em preto e branco, que mostra através do time-lapse uma cidade que aparenta ter chegado ao fim.
A música acentua o tom trágico, e visualmente o curta apresenta um primor estético digno de nota.
O uso do time-lapse, neste caso, é um recurso narrativo para acentuar a passagem do tempo, ao mostrar ruínas que parecem definitivas. O filme foi feito em Beirute.
Fernanda Ramos é cineasta e fez parte do comitê de seleção internacional do festival.