Registro em Time-lapse de obra portuária: demolição e recuperação do Estaleiro Inhaúma

Em 2012 a Carioca Christiani-Nielsen Engenharia me convidou para documentar, em time lapse, a demolição e recuperação do Estaleiro Inhaúma.
Neste projeto, foi solicitado que fossem instaladas 3 câmeras DSLR, afim de cobrir tanto as atividades do canteiro, quanto a demolição, estaqueamento e concretagem do estaleiro, para que ele pudesse receber os guindastes da Fidens, e voltasse a ser operacional.

Nas fotos abaixo, pode-se ver a câmera do canteiro, que depois foi reposicionada para mostrar outro ângulo, e as câmeras do guindaste, uma virada para cada lado.

Para que a cobertura fosse possível, era necessário instalar as câmeras no guindaste antigo que estava lá.

Para isso, utilizei o sistema de fixação e proteção de câmeras que comecei a desenvolver em 2006.
Este desenvolvimento se deu por conta da necessidade de haver, na captação em time-lapse, o mesmo dinamismo que acontece em uma obra marítima.

Quando se fala em empreitadas marítimas, não temos disponíveis prédios vizinhos ou postes onde fixar a câmera. Temos o mar, barcos, andaimes, guindastes flutuantes.
Pensando nessa especificidade, eu desenvolvi um sistema que batizei de UATM – Unidade Autônoma de Time-lapse Móvel.
Trata-se de um sistema cuja mobilidade é superior às caixas normalmente utilizadas para a captação de timelapse de longa duração, e cuja instalação se dá em menos de 15 minutos, de forma quase imediata, ao mesmo tempo em que preserva as necessidades fundamentais para que se realize um registro em time-lapse de boa qualidade:

  • Proteção da câmera contra as intempéries;
  • Imobilidade do equipamento;
  • Autonomia para longos períodos de operação.

Este sistema permitiu que eu fixasse as câmeras em guindastes, andaimes, entre outras alternativas, e que eu pudesse trocá-los de lugar com frequência, de acordo com cada situação.

A primeira utilização da Unidade Autônoma de Time-lapse Móvel foi na documentação da construção do Terminal Flexível de GNL da Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro, onde usei 3 câmeras que foram movimentadas durante a obra inteira. Este foi o primeiro filme em time-lapse feito com múltiplas câmeras no Brasil, que registrou, com muito dinamismo, o surgimento daquela estrutura no meio do mar. Foi o início de uma parceria de sucesso com a Carioca, uma das empresas de engenharia mais inovadoras do país.

Meu método foi utilizado também para o filme feito sobre a construção da ponte, pier, esferas e tanques no Terminal Aquaviário da Ilha Comprida, no Rio de Janeiro, na documentação do içamento, transporte e montagem das esferas de gás no mesmo terminal, na construção do Terminal Aquaviário de Barra do Riacho, no Espírito Santo, e na construção do Superporto do Açu. Todos estes projetos utilizaram no mínimo 3 câmeras.
A flexibilidade e variedade dos equipamentos utilizados na criação de vídeos em time-lapse é de enorme importância para o sucesso do projeto.

Assista ao filme realizado com múltiplas câmeras:



Fernanda Ramos é cineasta e faz filmes com fotografias desde 1997.